quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O Céu

   E chorou. Todo o céu que me limita de ir mais além, chorou pela manhã melancolicamente. Lágrimas fortes de tristeza pura, aquelas que caíam pela manhã em plena rua, contagiando pessoas com tal sentimento.
   A pequena estava já atrasada para o dia de escola. Esperava, impaciente no carro, que a figura materna lhe abrisse a porta, já de chapéu, para não se encharcar de mágoa do grande azul que sobrevoava a sua cabeça. Com todo o cuidado desceu e procurou abrigo junto à mãe que lhe deu um outro chapéu-de-chuva mais à sua medida. Foi, então, andando no seu passo pequenino, quando aos seus olhos aparece “a poça”. Olhou-a fixamente e tirou-lhe as medidas. Esticou o pé para a ultrapassar, mas foi em vão. Dois passinhos sobre a água, o mais fugaz possível, e tudo passou. Esperava agora pela mãe do outro lado, cheia de felicidade por ter passado “a poça”. Com a perna longa, a progenitora, transpô-la de uma vez só. Dá a mão à filha e seguem juntas o seu caminho.
   Ó céu, que grande és. Esquece todas essas mágoas e pisa as tuas lágrimas com dois passinhos de criança.