sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Verdade assustadora

Tio: tratamento que as crianças Brasileiras dão aos adultos, especialmente àqueles de condição superior.
                                     

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O Céu

   E chorou. Todo o céu que me limita de ir mais além, chorou pela manhã melancolicamente. Lágrimas fortes de tristeza pura, aquelas que caíam pela manhã em plena rua, contagiando pessoas com tal sentimento.
   A pequena estava já atrasada para o dia de escola. Esperava, impaciente no carro, que a figura materna lhe abrisse a porta, já de chapéu, para não se encharcar de mágoa do grande azul que sobrevoava a sua cabeça. Com todo o cuidado desceu e procurou abrigo junto à mãe que lhe deu um outro chapéu-de-chuva mais à sua medida. Foi, então, andando no seu passo pequenino, quando aos seus olhos aparece “a poça”. Olhou-a fixamente e tirou-lhe as medidas. Esticou o pé para a ultrapassar, mas foi em vão. Dois passinhos sobre a água, o mais fugaz possível, e tudo passou. Esperava agora pela mãe do outro lado, cheia de felicidade por ter passado “a poça”. Com a perna longa, a progenitora, transpô-la de uma vez só. Dá a mão à filha e seguem juntas o seu caminho.
   Ó céu, que grande és. Esquece todas essas mágoas e pisa as tuas lágrimas com dois passinhos de criança.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A Varanda

   Da varanda via-se a rua. Toda ela carregada pela aurora, de violetas, rosas e laranjas. Olhava a antiga escola que se perdia entre as cores vivas da manhã. Todo aquele pátio deserto iria encher-se de alegrias e risadas em poucas horas e o dia ia ser longo e cheio.
   Passava uma alma, apenas, na rua da escola. Apressada, de gravata ao pescoço e pasta na mão, assim era ela. Passou.
   Tudo em paz, ouvindo atenta a sinfonia do vento, até descerem dos céus as vozes secundárias da orquestra. Estavam agora no centro da estrada de alcatrão sujo, procurando as divinas migalhas – dois belos pardais. Esvoaçaram rente ao chão, batendo de forma desesperada as asas. Já de bico, no que me parecia ser pão, o mais pequeno e desajeitado pousara de leve e enchia agora a goela. Vem de rasgão, o mais forte e de “gravata” mais carregada e longa, intrevir no sucedido. Olhava, agora, com mais atenção as duas aves, esquecendo toda a rua que começava a amarelar. Deu-se a esperada briga com fim a ficar com todos aqueles grãos. Levantou as asas e mostrou o seu porte ao pequeno pardalinho, que logo se rendeu perante tal corpanzil e voou… Para longe ou talvez mais. Pintou todo aquele vasto céu deixando para trás uma esperança de ter o que outros tinham a mais.
   Entrei e fechei a porta atrás de mim. E então pensei: “Foi justo?”

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Dustin O'Halloran

 
Não sou d'Artes
Ou ciências.
Nem pinturas
Ou vãs letras.

Nem poemas,
Como este,
Me livram
De tal coisa.

Coisa má,
Ruim talvez.
Nem beleza,
Só tristeza.

Sou Nada e
Nada sou.
E terei
Direito?

Pobre Nada!
Nunca vi
Mera coisa
Como eu.

Vivo do
Pensar e
Apenas
Do pensar.

Quanto vale
Só pensar?
Serei riso
Se valer.

Pairei junto
De vós, meus
Seres, por
Justo engano.

Triste brisa,
Vaga e rara,
Pensadora,
É o que sou.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010