Após muitos anos de investigação descobriu-se vida num planeta fora do nosso sistema solar, mas dentro da nossa galáxia. Os cientistas debateram longas horas sobre o nome que iriam atribuir ao planeta e, ao fim de analisarem os comportamentos dos seres que lá viviam, decidiram que “Planeta Idiota” seria um nome perfeito. Muitas festas se fizeram por esta descoberta, muito dinheiro se queimou, muitos prémios e medalhas bonitas foram cinicamente entregues. Uma algazarra!
Enquanto festejavam, o rei do Planeta Idiota preparava a sua viagem à Terra. Também ele queria saudá-los com as suas idiotas palavras. Ao chegar, não foi recebido por políticos, nem imprensa e muito menos havia gente que o conhecia de onde quer que fosse. Foi andando até ao local onde todos festejavam a descoberta do seu povo e foi vendo, com os seus olhos cheios, as pessoas que passavam, as ruas, as fontes, os cães, os carros, o céu…
Dirigiu-se ao microfone da grande sala onde se misturavam gravatas, batas e vestidos de cetim. E então falou para todos os que o estivessem a ouvir:
- Vocês sabem lá! Vocês não sabem para que servem os olhos, escutam apenas as vozes dos vossos próprios pensamentos, sentem com a vossa razão de pedra, cheiram prematuramente as guerras que virão e saboreiam os mortos de ignorância esmagados nas vossas mãos. A que vos sabem os mortos da Terra? Do pouco que vi devem saber a ódio e cegueira. Não vos olhais uns aos outros e não olhais o vosso mundo, não vos tocais, não vos falais. Vocês sabem lá! Que pele de arrogância cobre esse corpo nu igual ao meu, que casaco de egoísmo vos protege da frieza dos outros, que chapéu vos prende as ideias. Tirai o chapéu! Tirai o chapéu! Vós sabeis quem sou? Apenas um dos muitos idiotas do meu planeta, o Rei do Idiotas.