'Que estás a fazer, filho?'
'Os trabalhos de filosofia.'
'Mas tu ainda não tens filosofia!'
'Isso depende de como eu interpreto as minhas disciplinas.'
'É essa a justificação para estares a usar o caderno de matemática?'
'Eu explico-te, mãe. A minha professora de matemática fez-nos o seguinte problema: "somem o número de vezes em que a incógnita é a vossa própria existência, multipliquem pelo número de vezes que desejam desaparecer, sumir deste mundo e elevem ao número de incertezas que vos assombra. Por fim dividam este resultado pelo número de pequenos "eus" que encontram dentro de vocês. O resultado final é a vossa taxa de inquietação."
Pouco tempo depois a professora foi internada, por motivos de psicose, a pedido da associação de pais. O rapaz, muito tempo mais tarde, e por casualidade, ou não, veio a licenciar-se em medicina e a doutorar-se em psiquiatria.
Fifocas, o teu artigo merece-me o seguinte comentário:
ResponderEliminarDeduzo que a taxa de inquietação varia consoante o ser em causa, na medida em que todas as variáveis (existência, número de vezes que se deseja desaparecer, número de incertezas que assombram e número de pequenos eus a encontrar) também podem ser diferentes de ser para ser; basta, com um pequeno exercício, atribuir diferentes valores às respectivas variáveis.
Creio que o internamento da professora a pedido da associação de pais não foi uma atitude correcta.
O rapaz, esse parece-me um génio e mãe uma simplória.
Finalmente, gosto muito da música que escolheste.
Beijoca
Papi